Segurança Pública

5 perguntas sobre a volta das Forças Armadas ao Rio

Publicado por Site da Segurança

A atual operação das Forças Armadas no Rio será igual às ações anteriores?

Não, segundo o governo federal. O Ministro Raul Jungmann disse na sexta-feira que o modelo de intervenção “foi deixado para trás”. Dessa vez, as Forças Armadas não devem ocupar áreas específicas durante um período prolongado, como aconteceu no caso do Complexo do Alemão entre 2010 a 2012 e do Complexo da Maré, entre 2014 a 2015.

Mas ele disse também que patrulhamento e ocupações pontuais não podem ser descartados.

De acordo com Jungmann, a presença ostensiva dos militares trouxe um aumento da sensação de segurança em ocasiões anteriores, mas por outro lado as cadeias de comando das organizações criminosas não foram combatidas.

Ele disse que agora ideia é fazer isso, apostando em ações de inteligência e integração entre os órgãos de segurança. “É essa inteligência que nos dará informações para golpear o crime organizado e não apenas inibir”, disse.

Mas pode ser necessário um tempo de adaptação antes que os dados de inteligência comecem a fluir entre as instituições, segundo o analista Hugo Tisaka, da empresa de segurança privada NSA Brasil.

Isso porque os objetivos da inteligência militar são diferentes da inteligência policial. Enquanto uma visa questões de segurança nacional (como a descoberta de ações extremistas ou contra as instituições democráticas), a outra está voltada para desarticular redes de crime comum.

“Já houve uma integração em operações para a Copa do Mundo e para a Olimpíada, mas as forças de segurança ainda não estão 100% afinadas”.

Os militares vão entrar em confronto direto com os criminosos?

Segundo o governo, as ações principais da operação Segurança e Paz serão realizadas pela Polícia Federal e pela Polícia Rodoviária Federal. As Forças Armadas serão o último recurso, mas “sempre quando necessário, vão intervir”, disse o ministro Jungmann.

Segundo o general Mauro Sinot, comandante da operação, a ideia é que as Forças Armadas realizem tarefas que os órgãos de segurança locais tenham dificuldade para cumprir.

Ele deu como exemplo um cenário no qual seria preciso prender um criminoso procurado escondido em uma região da cidade. Nesse caso, as Forças Armadas poderiam cercar uma grande parcela da área em questão para que equipes da polícia entrem e realizem a prisão.

“Temos uma capacidade bastante razoável de fazer operações de cerco, que seria de grande dificuldade para as polícias”, disse. Ou seja, o objetivo seria fazer “operações específicas em uma ação planejada”.

As Forças Armadas têm o treinamento necessário para atuar nesta operação?

Em teoria, sim – os militares já realizaram essa função em diversas operações em conjunto com a polícia em favelas do Rio de Janeiro. Também atuaram de maneira similar, sob a bandeira da ONU, apoiando forças especiais contra rebeldes durante a missão de paz no Haiti, como aponta Nelson Ricardo Fernandes Silva, ex-militar e consultor em análise de risco do think tank Instituto Arc.

Segundo ele, a decisão de manter as Forças Armadas em atividades de apoio à polícia parece adequada, porque os policiais estão mais bem preparados para atuar em áreas densamente habitadas, tanto em termos de treinamento quanto de armamento.

“Os militares possuem treinamento para combate urbano, mas usam armamentos mais pesados que a polícia”. Usar essas armas em ambiente densamente habitado é mais arriscado, segundo ele.

“Os militares podem cercar locais, bloquear vias, mas é mais adequado que a polícia realize as prisões”.

Por que a operação está dando ênfase a ações em estradas e vias de acesso e ao combate ao roubo de carga no Rio?

A ideia, segundo o governo seria evitar que drogas e armas cheguem a regiões de favela dominadas pelo crime organizado, em uma tentativa de minar a logística das facções.

Mas, na opinião de Fernandes Silva, a estratégia pode ter um objetivo mais além: evitar que os roubos de carga causem um cenário de desabastecimento no Rio de Janeiro – o que poderia agravar ainda mais a situação da segurança pública.

“Não estão roubando apenas eletrônicos e objetos de alto valor nas estradas, mas também gêneros alimentícios”, disse. “Já há seguradoras evitando vender apólices para transportadoras de carga que usem rotas que passem pelo Rio, porque a operação não se paga. Se a escalada de roubos de carga continuar, as transportadoras vão parar e vai haver um problema de desabastecimento na cidade”.

Segundo ele, a alta nos roubos de carga pode ser em parte explicada pela migração de criminosos do tráfico de drogas para essa outra modalidade de crime.

Os militares usados na operação são do Rio de Janeiro?

Sim, segundo o governo, as unidades do Exército, da Marinha e da Aeronáutica que participam da operação são do próprio Rio de Janeiro.

Na avaliação do analista Hugo Tisaka, a proximidade das bases das áreas onde os militares atuarão vai reduzir os custos de mobilização da tropa, especialmente em um período prolongado.

No entanto, essa proximidade também tem um ponto negativo: ela aumenta a probabilidade de militares serem corrompidos ou ameaçados, o que pode influenciar na qualidade do trabalho.

“Não é só uma cooptação pelo tráfico. Se militares e criminosos habitam a mesma região é só o criminoso dizer para o soldado: ‘eu sei onde você mora’, e a ameaça está feita”.

Fonte: http://www.jornalfloripa.com.br

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