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As fotos de três policiais mortos em serviço, entre 2013 e 2015, estão na parede à direita de quem entra na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus. Ainda falta o retrato de outros dois, assassinados em março e outubro passado. O prédio fica na rua mais movimentada e tranquila da favela, mas as mortes ocorreram em locais perto das bases da UPP, frágeis contêineres de latão no interior da comunidade. No início da tarde da terça-feira, dia 22, a maioria dos policiais sai a campo para confrontar traficantes de drogas que dominam o território.
A Cidade Deus foi a segunda favela a receber uma UPP, em 2009, no projeto de retomar áreas dominadas pelo tráfico. O número de homicídios caiu de 36 para nove ao ano. No dia 19 foram sete em apenas um dia. O major Ivan Braz, porta-voz da PM, diz que o confronto sangrento ocorreu em parte por causa do aumento de traficantes na área, “inflacionada de criminosos”. Há cerca de 300 espalhados na favela, segundo os moradores. Alguns andam com fuzis em comboios de mais de 20 motos. Cresceu o número de marginais, mas diminuiu para um terço o investimento do governo em segurança pública, o que afetou as 38 UPPs do Rio.
Os policiais da UPP trabalham em contêineres de lata e, muitas vezes, com coletes à prova de balas vencidos, que seguram tiros de pistola, mas não de fuzil. Carcomida pela ferrugem e pela falta de conservação, a base do Caratê abriga policiais quase entocados, que estranham visitantes. Três vira-latas, um deles com sarna, dão alarme quando alguém de fora chega.