Sempre que pensamos em Segurança no Turismo, tendemos a pensar nos crimes que permeiam a atividade turística tais como o furto de carteiras, as invasões de quartos, as atuações de vigaristas ou até mesmo os atentados a bomba. Raramente consideramos as formas ocultas de terrorismo que podem ter impacto no turismo. São formas de terrorismo que, muitas vezes, não são detectadas até ser tarde demais e, enquanto as bombas assassinam publicamente, ações como as do Bioterrorismo tendem a ser mais silenciosas.
No Dicionário, a definição de Bioterrorismo: “ações terroristas envolvendo o uso de agentes nocivos e produtos de origem biológica, tais como micro-organismos ou toxinas que causam doenças” apenas nos dá uma aproximação superficial sobre o assunto. Tal como o turismo é um sistema complexo de atividades inter relacionadas, formando uma atividade econômica composta, também assim é o Bioterrorismo, o qual incluiu uma grande diversidade de riscos relacionados com a atividade turística.
Os seguintes tópicos não esgotam o assunto. Mas têm por finalidade forçar a atenção para um risco clandestino para o turismo, que pode nos prejudicar muito, sem que nos demos conta da sua presença. Para facilitar a leitura, usaremos tanto o termo “bioterrorismo” como a expressão “bio-riscos no turismo”. Pelo segundo entendemos tanto os ataque intencionais quanto as ações não intencionais:
- Os bio-riscos são complicados e multifacetado. Os bio-riscos podem se produzir inadvertidamente ou de modo propositado. Podem resultar da interação entre pessoas, por falta de higiene, como pratos sujos ou lençóis mal lavados, ou por via de ataques químicos disseminados na ventilação dos edifícios ou através dos sistemas de refrigeração. Esta diversidade de ameaças implica que os profissionais do turismo, em especial os que trabalham na Segurança, têm de estar permanentemente alerta para ameaças inesperadas.
- Os bio-riscos não são estáticos. Um desafio-chave para o turismo face ao Bioterrorismo, ou os bio-riscos, decorre da sua natureza mutável. O que pode não ser considerado como uma ameaça num determinado momento pode passar a ser de um dia para o outro. Um segundo problema, face ao Bioterrorismo no turismo e seus perigos, decorre de o turismo ser altamente sensível à publicidade negativa. Consequentemente, um ato de bioterrorismo pode nem se efetivar mas a publicidade que o envolve pode danificar tanto a imagem do local como se aquele tivesse ocorrido. Por exemplo, há uns anos, grande parte das empresas de cruzeiros sofreram baixa devido a surtos do vírus Nordaus. Embora a propagação do vírus tenha sido contida rapidamente, os efeitos da publicidade negativa continuaram por longo tempo.
- Os perigos biológicos estão estreitamente relacionados com os bio-riscos. Os mesmos não apenas incluem os problemas biológicos resultantes de falta de saneamento básico, problemas criados propositalmente; enquanto ações de Terrorismo ou a propagação involuntária de doenças, mas também riscos que já existam no meio-ambiente. Por exemplo, não podemos designar um ataque de tubarão ou uma invasão de alforrecas como Terrorismo. Mas, se os mesmos forem acompanhados por publicidade, terão um forte impacto no turismo local.
- No turismo, os bio-riscos podem se manifestar de múltiplas maneiras. Por exemplo, um hóspede pode ser um portador de doenças. Poucos são os destinos turísticos que controlam os seus visitantes, mas estes podem transportar consigo riscos biológicos no sangue, germes ou doenças contagiosas. Estes riscos biológicos não só não são controlados, e muitas vezes nem são comunicados, como, no caso de um hotel ou de um restaurante, os tempos são tão curtos quanto as possibilidades de seguir o cliente logo que este partiu.
- Entre os bio-riscos no turismo temos: os hóspedes, os trabalhadores, os fornecedores e até os insetos. Porque o turismo serve uma população diversa e sempre em mudança, os especialistas em Segurança no Turismo têm não só de prestar atenção aos potenciais riscos que se dão nas suas instalações mas também aos do exterior. Logo, enquanto uma epidemia de gripe será um aborrecimento para uma família, poderá ser um desastre econômico para um local turístico. Mais ainda. No moderno e interligado mundo do turismo, uma doença ou um risco biológico, que ocorram numa determinada parte do mundo, podem facilmente ter efeitos no turismo de outras partes do mundo. Esta interligação é especialmente significativa nos aeroportos, os quais são os principais pontos em que as pessoas mudam de um voo para outro.
- Cada uma das partes do sistema tanto é suscetível de sofrer quanto de provocar danos biológicos. Devido à circunstância do Turismo ter tudo a ver com a mistura de pessoas, os responsáveis pelo turismo devem formar constantemente o pessoal tanto sobre as novas doenças quanto sobre as “clássicas”, sobre os sintomas a relatar e as coisas que podem parecer inócuas mas que também não parecem estar certas. Tal como no que se refere ao Terrorismo, quando se trata de riscos biológicos, os responsáveis pelo turismo devem formar os funcionários e até os hóspedes no sentido destes comunicarem ao suspeitarem de algo estranho.
- A Limpeza está perto da Santidade. A antiga expressão que liga a limpeza à santidade, através da comum ideia de Pureza, será a melhor proteção contra os danos biológicos e bioquímicos no turismo. Encoraje os funcionários a lavar as mãos regularmente, a usar lenços de papel sempre que se assoarem o nariz ou espirrarem, os quais devem ser descartados depois em lixos próprios.
- Garanta que o seu produto turístico não se torne numa ameaça para o meio ambiente. As ameaças ambientais não consistem apenas em haver turistas arrancando plantas endêmicas ou causando danos à vida marinha. Estas ameaças também existem no meio ambiente urbano. Por exemplo, se assegure que os lixos ficam empacotados de maneira que animais indesejáveis, tal como os ratos, não cheguem perto. Tal como como o meio ambiente condiciona o turismo, também o turismo tem impacto no meio ambiente, seja urbano ou rural.