O carioca está pessimista. É o que aponta a Pesquisa de Percepção 2015 do Rio Como Vamos, quinta edição do levantamento bienal do movimento. O trabalho funciona como um termômetro de satisfação popular e indica pontos que merecem atenção por parte da gestão municipal. A segurança pública foi um dos quesitos mais criticados e a violência nas praias, que ganhou novos contornos na última semana, aparece como principal preocupação de quem frequenta nosso mais popular ponto turístico.
Os pesquisadores foram a campo em junho deste ano e entrevistaram cerca de 1.500 moradores de diversos bairros. Todas as informações apuradas foram analisadas por faixa etária, área de planejamento de residência e classe social do entrevistado. A metodologia foi de pesquisa quantitativa, respeitando os critérios acima.
Como o carioca vê o Rio de Janeiro?
Orgulho de ser carioca – Em 2015, o orgulho do cidadão caiu em relação à pesquisa de 2013. As notas boas (de 07 a 10) nesse quesito somam 43%, contra 63% na última pesquisa. Foi o percentual mais baixo de todas as edições.
Vontade de sair do Rio – Aumentou a quantidade de cariocas que deixariam o Rio se pudessem. No total, 56% da população disseram que gostariam de sair da cidade, alegando a violência como principal motivo. O número era de 48% em 2013 e 27% em 2011.
Qualidade de vida – A percepção de melhora em qualidade de vida também caiu. Este ano, 31% dos cidadãos acreditam ter melhorado de vida. Em 2013, o número foi de 51%. Foi a primeira vez na história das pesquisas em que a percepção de piora foi maior que a de melhora.
Otimismo sobre a cidade – Só 25% dos moradores do Rio se sentem otimistas sobre o futuro para os próximos anos. Também o pior resultado desde o primeiro ano da pesquisa.
Segurança em geral – Chegam a 71% da população as pessoas que acreditam que a segurança piorou na cidade. No total, 64% dos cariocas deram as notas mais baixas (01 a 04) na avaliação dessa questão, quantidade superior aos 49% em 2013. É o percentual de insegurança mais alto já registrado. Os roubos de rua são a principal ocorrência citada, especialmente nas classes mais altas. A bala perdida perde espaço entre essa faixa da população, mas continua representando o maior medo para as classes C/D.
UPPs – Para 41% dos cariocas, o sistema é ruim e apenas 21% se mostraram otimistas sobre seu funcionamento. Os moradores dos bairros com o sistema veem hoje mais efeitos negativos do que positivos, como o aumento de roubos e ameaças de bandidos. Em 2013, os aspectos positivos eram preponderantes.
Ordem pública – Os principais problemas descritos nesse ponto pelos entrevistados dizem respeito à segurança. Passam de 71% as notas baixas na avaliação do aumento dos pontos de venda de drogas na cidade. Essa é a maior preocupação no quesito.
Praias – Nas praias cariocas, assaltos e furtos são os principais problemas relatados. O índice de preocupação no quesito saltou de 16% em 2013 para 69% na pesquisa deste ano. A sujeira da areia e a baixa qualidade da água do mar são o segundo e terceiro problemas apontados pelos entrevistados, respectivamente.
Saúde – Seis em cada 10 entrevistados usaram o sistema público de saúde no último ano, especialmente em situações de emergência. Esse número se manteve estável em relação a 2013. As principais reclamações, como em outros anos, são demora no atendimento e falta de médicos. Para 38% dos cariocas, o atendimento médico de saúde pública está pior, número superior aos 30% de 2013. Já a avaliação de UPAs e Clínicas da Família apresentou melhora (33% este ano, 29% em 2013).
Olimpíadas / grandes eventos – Passada a Copa do Mundo, a população demonstra menos otimismo com os benefícios que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos podem trazer para a cidade. O percentual de cariocas que acreditava em melhorias por conta dos grandes eventos passou de 63% em 2011 para 27% em 2015. Ainda assim, a maior parte acredita que o evento trará benefícios. Os gastos públicos são motivos de desconfiança para a população.
O material completo, sob responsabilidade da empresa Consumoteca, pode ser acessado nesta página, no link “Como o carioca vê o Rio”.