Opinião do Especialista

Conscientizando contra o terrorismo (Vinícius Cavalcante)

Publicado por Vinícius Cavalcante

Os Jogos Olímpicos de 2016 irão acontecer no Rio de Janeiro entre 5 e 21 de agosto de 2016, reunirão 10.500 atletas de 206 países. Já as Paralimpíadas vão ser realizadas de 7 a 18 de setembro, com 4.350 atletas de 179 países. O Brasil está inserido no contexto global como um país pacífico; contudo ele não está a salvo da ocorrência de atos terroristas. Na conscientização antiterrorismo estamos muito atrás de países como Israel, Grã-Bretanha, Espanha ou Estados Unidos. A conscientização da população civil é extremamente importante, tanto para a proteção indivíduos quanto para que, alertas acerca da maneira de agir dos terroristas, possam detectar e reportar quaisquer indícios de suspeição, permitindo uma reação muito mais efetiva das forças de segurança. Os cidadãos conscientizados e treinados se tornam sensores capazes de multiplicar a capacidade de detecção da inteligência, voltada para o antiterrorismo; e num país onde a criminalidade dispõe de tamanha quantidade de explosivos comerciais e armamentos militares e os emprega cotidianamente; num país onde o policiamento das fronteiras é pouco mais do que simbólico; num país que se dispõe a liberar a necessidade de vistos para os visitantes às vésperas das Olimpíadas e onde terroristas internacionais não teriam dificuldade de contrabandear ou adquirir todos os meios de que necessitam para a execução de um atentado, nossa população já deveria estar sendo instruída sobre o papel que lhe cabe há muito tempo! No desejo de instrumentalizar as pessoas em face do terrorismo, preparamos essas dicas que seguem abaixo:
1. O que é Terrorismo? Ele pode pode ser explicado como o uso ilegal da força ou violência contra pessoas ou propriedades para intimidar ou coagir um governo, uma população civil ou um segmento dessa população, em apoio a objetivos políticos, sociais ou religiosos da pessoa ou do grupo que dele lança mão.
2. Como identificar um terrorista? A história nos traz exemplos dos e terroristas das mais diversas classes sociais, grupos étnicos, culturas e religiões e não devemos nos deixar levar por estereótipos ou preconceitos. Terroristas são pessoas para quem os objetivos a serem alcançados justificam o emprego de quaisquer meios, independentemente do quão covardes ou violentos eles possam ser.
3. Como diferenciar terrorismo de crime comum? No Terrorismo, sequestros, assassinatos, dano ao patrimônio e desmoralizações são empregados segundo a metodologia de “agir contra um e intimidar (ou aterrorizar) o maior número possível de pessoas”.
4. Como agem os terroristas? A maneira de agir dos terroristas por vezes é copiada por outros agentes, como o crime organizado, indivíduos desequilibrados e até por movimentos reivindicatórios de caráter declaradamente social.
5. Quais são os alvos mais visados? Terroristas procuram alvos de grande visibilidade, que eles preferencialmente possam atacar sem serem previamente detectados, tais como aeroportos, estações rodoviárias, ferroviárias, de barcas, metrôs, shopping centers, eventos com grande concentração de público, hotéis, pontos turísticos etc. Também costumam agir contra a infra-estrutura, atacando instalações de geração e distribuição de energia, estações de tratamento e rede de água, estações de bombeamento de gás, gasodutos etc. Locais abertos, facilmente acessíveis ao público e onde não haja revista rigorosa são bastante apreciados como alvos para terroristas.
6. Que armas os terroristas utilizam? Modernamente, terroristas vem empregando largamente armas de fogo e as empregando em locais onde a segurança seja deficiente e não haja risco de revide por parte de agentes ou de cidadãos armados. Também fazem uso de artefatos explosivos, venenos, substâncias radioativas etc.
7. Como lidar com o fenômeno? A melhor maneira de lidar com um incidente terrorista é tentar preveni-lo antes que ele ocorra. As pessoas precisam estar atentas ao que está acontecendo à sua volta, buscando detectar eventuais sinais da preparação de um ataque antes do mesmo vir a ocorrer.
8. Antes de atacar, terroristas podem buscar informações sobre seus alvos, sua segurança, e isso eventualmente pode despertar a suspeita de pessoas atentas. Eles precisam vigiar seus alvos para saber sobre suas rotinas, a segurança que os cerca e até para poder definir o melhor momento para atacá-lo.
9. Desconfie sempre! Pessoas estranhas observando, pedintes, camelôs, motociclistas parados, tudo que não pertença ao local ou que dê a impressão de que não são próprios do ambiente deve despertar desconfiança.
10. Pessoas gravando imagens, fotografando detalhes de segurança, fazendo anotações, falando ao telefone, usando binóculos próximos a locais que sejam alvos potenciais de terrorismo devem provocar desconfiança.
11. Qualquer tentativa de testar ou burlar sistemas de segurança existentes devem ser motivo de desconfiança, mesmo quando perpetradas por pessoas aparentemente inocentes e insuspeitas. Terroristas podem empregar idosos, crianças, mulheres bonitas, deficientes físicos… e o fazem, sempre que for de seu interesse.
12. Suspeite de pessoas que estejam estocando significativas quantidades de produtos inflamáveis, combustíveis, fertilizantes, produtos químicos como ácidos, acetona, pólvora, clorato de potássio etc.
13. Desconfie de pessoas com roupas destoantes com o nosso clima, como jaquetões e casacos compridos ou grandes bolsas que possam ajudar a esconder armas de fogo como fuzis, espingardas e submetralhadoras. Mochilas mantidas para frente do corpo podem ajudar a dissimular armas e permitir seu saque rápido.
14. Veículos que não são do local, com pessoas igualmente estranhas podem e devem levantar suspeitas. Procure fixar-se nas fisionomias, procure associá-las a pessoas conhecidas pois isso vai ajudar na identificação ou na eventual confecção de retratos-falados.
15. Mantenha listagens atualizadas com os telefones do Batalhão da Polícia Militar, da Delegacia de Polícia Civil responsáveis pela área, do Esquadrão Anti-Bombas da Polícia local e comunique de imediato qualquer anormalidade.
16. No caso de ataques com armas de fogo, busque fugir do local dos disparos ou, caso não seja possível, esconda-se dos atiradores.
17. As bombas são um instrumento muito empregado por terroristas. Bombas poder ser colocadas em locais de grande movimentação de público (como saguões, corredores, calçadões), bem como ser instaladas em locais estratégicos como transformadores, geradores ou estações de controle de energia, próximo a estoques de gás ou combustíveis, painéis de controle, salas de máquinas e praticamente todo lugar onde sua detonação puder ampliar danos ou mortes.
18. Embora possam ser camufladas, normalmente uma bomba será um objeto suspeito, que aparentemente destoe na paisagem de um referido local. Na maioria dos casos, será uma caixa, pacote, mala, mochila ou saco “inocentes”, aparentemente esquecidos no local. Como não se pode saber se se trata realmente de uma bomba ou (no caso de ser mesmo um artefato explosivo) como o mecanismo dela funciona, caso se depare com algum objeto dessa natureza o mesmo não deverá ser manuseado, as pessoas deverão ser mantidas à distância em toda área circunvizinha e a polícia deverá ser imediatamente acionada.
19. Há algo mais que possa ser feito? Sim, em caso de suspeita, busque discretamente filmar ou fotografar as pessoas, veículos e suas placas etc. Todas as informações sobre os suspeitos serão importantíssimas, contudo não as compartilhe de imediato nas redes sociais. Você não tem certeza nem controle acerca de quem vai ver o seu conteúdo postado, que se espalhará rapidamente. A sua postagem pode, inclusive, servir de alerta ao terrorista de que ele foi descoberto. Por isso, caso você conseguir fotografar ou filmar algo (ou alguém), encaminhe o material para as autoridades de segurança pública.

Fonte: http://www.abseg.org.br/acontece/noticias/conscientizando-contra-o-terrorismo/

 

Sobre o autor

Vinícius Cavalcante

VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP
Profissional de segurança desde 1985. Detém 25 cursos e estágios na área de segurança e inteligência, tendo participado de treinamentos na Colômbia e também na Grã-Bretanha. Atua como consultor em segurança nas áreas de planejamento e normatização, inteligência, segurança pessoal e treinamento. Foi um dos profissionais internacionalmente certificados pela American Society for Industrial Security (www.asisonline.org) no Brasil, sendo certificado em 2004.
Diretor regional da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (www.abseg.com.br) no Rio de Janeiro, há 26 anos integra a diretoria de segurança da câmara municipal do Rio de Janeiro como servidor público concursado. É membro do conselho de segurança da Associação Comercial do rio de Janeiro. Atua na segurança de pessoas de notável projeção bem como treinou efetivos de segurança pessoal de diversas instituições públicas e privadas. É instrutor convidado em cursos na PMERJ, ACADEPOL (RJ), SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E CENTRO REGIONAL DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A PAZ, o desarmamento e o desenvolvimento social na América Latina e Caribe (UN-LIREC). É articulista em publicações especializadas em segurança do Brasil e do exterior, como o Jornal da Segurança, as revistas Proteger, Security, Segurança Privada, Revista Sesvesp, Segurança & Defesa, Tecnologia & Defesa no Brasil, bem como Seguridad Latina e Global Enforcement Review e Diálogo Américas, nos Estados Unidos, e International Fire and Security.
Possui artigos sobre segurança publicados nos jornais o Globo e Monitor Mercantil. Autor de três DVDs com video-aulas sobre segurança abordando segurança de dignitários, ocorrências envolvendo artefatos explosivos e espionagem e contra-espionagem no meio empresarial, produzidos e distribuídos pelo Jornal da Segurança para todo o Brasil.

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