Mais uma tragédia ocorre no contexto da guerra urbana do Rio. Cinco jovens morreram na Zona Norte, na noite de sábado, 28/11, baleados no interior de um carro, durante uma intervenção policial. Não se sabe ainda as circunstâncias do fato. A investigação e a apuração dirão o que houve. Caso caracterizado o erro de avaliação policial durante a abordagem e o uso desproporcional da força, fica evidenciado que a ansiedade e a precipitação continuam, por vezes, prevalecendo no comportamento de policiais na guerra do Rio.
Sabe-se que a profissão policial, de altíssimo risco e complexidade, lida com a vida de seres humanos, o maior bem tutelado. Errar em ação de serviço é um ato possível e o estresse é uma danosa consequência da natureza da função, quanto mais num contexto de violenta guerra urbana que o policial enfrenta e que lhe acarreta problemas psicológicos consequentes, entre os quais a ansiedade e a vulnerabilidade ante a possibilidade real de um confronto bélico futuro, num teatro de operações onde o inimigo não está identificado e ainda faz uso do elemento surpresa.
Só que o erro fatal numa intervenção policial não possibilita que vidas ressuscitem. Tal e qual no exercício regular da função de médico o erro fatal não pode ser reparado. A única possibilidade de reduzir o erro na função policial, durante as abordagens, é a constância nos exercícios de reciclagem para aprimoramento técnico e o extremo cuidado no uso da arma. A opção de matar para não morrer só existe para o policial em situação extrema onde sua vida ou a de concidadãos encontra-se em iminente risco. Os tiros que mataram estes cinco jovens e enlutou suas famílias também trarão, doravante, consequências para a vida dos policiais e seus familiares.
A busca pelo erro zero tem que ser, portanto, meta constante na atividade policial. Vidas humanas não ressuscitam. Fica aqui o ensinamento de que a profissão policial se sustenta em quatro pilares básicos: técnica, equilíbrio emocional, uso proporcional da força e respeito aos limites da lei. O excesso policial muitas vezes encerra carreiras e ceifa preciosas vidas, lamentavelmente.