Opinião do Especialista

Estatuto do Desarmamento (Gerson Souza Borges)

Publicado por Gerson Borges

Alguma coisa está errada, mas em se tratando dos nossos congressistas, na verdade não temos parâmetros para avaliar: se é estupidez mesmo ou se existe algo mais por trás desta decisão.

A ideia de alterar o Estatuto do Desarmamento não pode ser uma coisa séria e, deste modo, somente os nossos congressistas, pessoas completamente alheias à realidade de nosso país – aliás leitor você já entrou no Congresso Nacional? Não há como pensar no povo dali de dentro, simplesmente é uma realidade paralela- poderiam ter tido esta ideia, não sei movido por quais interesses.

Diminuir a idade de 25 para 21 anos para a pessoa ter um porte de arma? Que maravilha!!! Qualquer briga de fim de festa em que os jovens se envolvam e, se houver alguém armado – porque não tenham dúvidas muitos jovens irão comprar armas para se sentir “mais homens”,-alguém poderá ser ferido ou morto por uma arma de fogo.

Algumas classes profissionais terem direito a porte, tais como motoristas de caminhão (felizmente tiraram os taxistas), só pode ser piada, sob o argumento falacioso de que as estradas são perigosas. Ora, os motoristas continuarão dentro de uma cabine, com um armamento leve e serão surpreendidos; e pior, morrerão com sua própria arma pois não terão capacidade de reação. Não se esqueçam de que os bandidos escolhem a melhor hora e o melhor local para a sua ação.

Isto sem contar o treinamento e a fiscalização. Se atualmente sabemos exatamente o que é o treinamento para a formação de pessoas que por lei podem andar armados – vigilantes, policiais etc., imagina com esta abertura na lei. E mais… sinceramente não vou sequer falar da fiscalização e da reciclagem obrigatória.

Andar com uma arma em área pública requer uma atenção que poucas pessoas terão, pois se você estiver armado e for surpreendido, acredite… irá morrer com a sua própria arma, isto sem nos eximirmos do fato que, os maiores fornecedores de armas leves para os bandidos deixarão de ser os vigilantes e passarão a ser a imensa maioria liberada a ter um porte de arma.

Nunca é demais lembrar que: a empolgação e o entusiasmo desnecessário conduzem a uma morte rápida.

Somente nossos congressistas com seus interesses poderiam ter esta “ ideia maravilhosa” ao contrário de todas as evidências.

Bem… nos vemos na próxima.

Sobre o autor

Gerson Borges

Gerson Borges, MSc, CPP, DSE é Capitão-de-Mar-e-Guerra da Reserva do Corpo de Fuzileiros Navais. É mestre em gestão Empresarial pela FGV e coordena cursos e áreas de estudo com a temática de riscos, segurança e crises na Instituição. Foi o executivo responsável pela gestão de riscos e segurança dos grandes eventos da BP/Castrol que foi uma das patrocinadoras da EuroCopa 2012, Jogos Olímpicos de Londres 2012, Copa das Confederações 2013 e Copa do Mundo 2014.
Atualmente é Sócio e diretor de riscos e crises da Plano, uma consultoria-boutique nas áreas de riscos, crises, segurança corporativa etc., assessorando empresas nacionais e transnacionais constantes da EXAME 500. Autor do livro: Sequestros a Liberdade tem Preço, Ed Quartet, negociou sequestros para a libertação de reféns no Brasil e no exterior. Autor de diversos artigos e trabalhos no Brasil e no exterior.
Gerson Borges é CPP pela ASIS e membro de diversas organizações internacionais de riscos, crises, fraude e segurança.

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