Opinião do Especialista

Nossa presente vulnerabilidade frente ao terrorismo (Vinicius Cavalcante)

Publicado por Vinícius Cavalcante

Há tempos eu venho percebendo a incompetência da administração pública desses cleptocratas mas não consigo acreditar (tenho dificuldade em crer, de verdade) que a questão da segurança frente o terrorismo tenha a mesma matriz de burrice ou miopia que acomete às outras esferas da administração. Burocratas apaniguados vem fazendo toda sorte de besteiras em diversas instâncias da administração pública, mas na inteligência e na segurança, até os comissionados já estão fazendo circular que avisaram e não estão sendo ouvidos e que, por conseguinte, não estão concordantes com a maneira com que os riscos do terrorismo vem sendo administrados no escalão político superior.
Sabemos que nossos políticos, na maioria das vezes só estão preocupados com sua própria segurança, mas eles estão indo longe demais. Não dá pra justificar que numa conjuntura de reconhecida fragilidade na segurança de fronteiras decidamos afrouxar ainda mais os controles sobre os visitantes na época dos jogos. Isso sem falar em todos os atrasos na preparação dos efetivos de segurança humana que estará na ponta da linha, atuando como “first-responders” em face de quaisquer ocorrências. Ao arrepio da boa norma, a população continua alijada da responsabilidade que lhe cabe na segurança de um evento importante e em face de riscos tão severos…
Não pode ser apenas uma questão de desídia ou de incompetência.
Questões de caráter eminentemente técnico não podem ser tratadas com “achismos” ou decididas na base do “cara ou coroa”.
Em face do perigo que envolve um atentado nesse período dos Jogos Olímpicos, pensar positivamente que o pior não nos venha a acometer não é uma estratégia de prevenção válida do ponto de vista técnico ou minimamente responsável.
Na minha opinião, a questão de vulnerabilizar nossa já fragilíssima segurança só pode ser justificada com a ideia de que, se formos alvo de qualquer tipo de atentado (seja do nosso banditismo narcoguerrilheiro, do terrorismo internacional ou de algum lobo solitário tupiniquim, desequilibrado ou mal amado, como o jovem idiota de Realengo) esse governo de ladrões vá lograr um factoide para desviar os olhos dos brasileiros de suas mazelas políticas. Um governo com cérebros como José Dirceu e Marco Aurélio Garcia, treinados por organismos de inteligência e conciliando a prática política com experiência em guerrilha (e a isso acresçamos os melhores e mais habilidosos marqueteiros que o dinheiro de procedência duvidosa pode pagar), bem pode tentar mudar o foco da opinião pública e ganhar uma sobrevida redentora, como a que foi proporcionada pelos “balck-blocks” quando daquelas manifestações que poderiam ter redundado numa providencialíssima “Primavera Brasileira”. Graças aos arruaceiros e destruidores do patrimônio público e privado, bancados direta ou indiretamente pelo PT e PSOL, a população saiu das ruas e ELES conseguiram mudar o foco da opinião pública em geral, que lhes cobrava os pescoços e cabeças. Se tivermos um atentado eles sempre poderão fazer cara de coitados, sensibilizar o emotivo povo brasileiro com uma preocupação que faltou em Mariana, ir para a TV e buscar unir o país contra o flagelo do terrorismo. Nessas horas as vozes que se levantarão pra dizer que não fizemos os deveres de casa direitinho certamente serão eclipsadas pelo discurso vigoroso e idealista da união de todos os brasileiros veiculado em cadeia nacional!…
Eu não tenho nenhuma vocação pra “Mãe Dinah”, mas que nós estamos perigosamente brincando com o futuro e com a verdade, isso nós estamos!

Sobre o autor

Vinícius Cavalcante

VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP
Profissional de segurança desde 1985. Detém 25 cursos e estágios na área de segurança e inteligência, tendo participado de treinamentos na Colômbia e também na Grã-Bretanha. Atua como consultor em segurança nas áreas de planejamento e normatização, inteligência, segurança pessoal e treinamento. Foi um dos profissionais internacionalmente certificados pela American Society for Industrial Security (www.asisonline.org) no Brasil, sendo certificado em 2004.
Diretor regional da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (www.abseg.com.br) no Rio de Janeiro, há 26 anos integra a diretoria de segurança da câmara municipal do Rio de Janeiro como servidor público concursado. É membro do conselho de segurança da Associação Comercial do rio de Janeiro. Atua na segurança de pessoas de notável projeção bem como treinou efetivos de segurança pessoal de diversas instituições públicas e privadas. É instrutor convidado em cursos na PMERJ, ACADEPOL (RJ), SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E CENTRO REGIONAL DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A PAZ, o desarmamento e o desenvolvimento social na América Latina e Caribe (UN-LIREC). É articulista em publicações especializadas em segurança do Brasil e do exterior, como o Jornal da Segurança, as revistas Proteger, Security, Segurança Privada, Revista Sesvesp, Segurança & Defesa, Tecnologia & Defesa no Brasil, bem como Seguridad Latina e Global Enforcement Review e Diálogo Américas, nos Estados Unidos, e International Fire and Security.
Possui artigos sobre segurança publicados nos jornais o Globo e Monitor Mercantil. Autor de três DVDs com video-aulas sobre segurança abordando segurança de dignitários, ocorrências envolvendo artefatos explosivos e espionagem e contra-espionagem no meio empresarial, produzidos e distribuídos pelo Jornal da Segurança para todo o Brasil.

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